Dr.
E. Calvin Beisner, Aliança
Cornwall para a Administração da Criação
Como
vice-presidente de assuntos governamentais da Associação Nacional
de Evangélicos (ANE), o Rev. Richard Cizik provocou polêmica ao
lutar implacavelmente, ainda que sem sucesso, para embarcar os
evangélicos na guerra contra o aquecimento global antropogênico e
em apoio às uniões homossexuais. A posição dele sobre o
aquecimento global provocou críticas enérgicas de outros líderes
evangélicos, que insistiram em que Cizik não falava por eles.
Alguns chegaram a exortar a ANE a demiti-lo. A postura dele de apoio
às uniões civis homossexuais levou à demissão dele da ANE em
dezembro de 2008. Logo depois, ele foi trabalhar para Ted Turner,
magnata dos meios de comunicação, defensor do controle populacional
e diretor da Fundação Nações Unidas. Em seguida, ele passou a
trabalhar para o Instituto Sociedade Aberta (Open
Society Institute),
do ateu, globalista e capitalista George Soros, fundando então a
Nova Parceria Evangélica para o Bem Comum — entidade em grande
parte financiada por seus amigos esquerdistas.
Agora,
Cizik está provocando perturbações de novo, pedindo maior acesso a
contraceptivos no mundo inteiro. Por quê? Para proteger as mulheres
e reduzir índices de aborto, crescimento populacional e, no final
das contas, o aquecimento global.
No
artigo “O planejamento familiar é agradável a Deus e ao meio
ambiente”, publicado primeiramente em 12 de março e rapidamente
republicado no mundo inteiro, Cizik escreveu: “Ao dar uma palestra
no Banco Mundial anos atrás, me perguntaram por que os cristãos não
tratam de questões de controle populacional. ‘Já começamos a
lidar com o tema de mudança climática’, respondi, ‘e mais cedo
ou mais tarde, teremos de falar honestamente sobre controle
populacional. Mas é um assunto muito polêmico’. Depois, alguém
enviou um email para líderes evangélicos me acusando de apoio ao
‘controle populacional’, tal como a política de ‘filho único’
da China. Tudo mentira, mas aconteceu”.
Vamos
já de início acabar com quaisquer mal-entendidos. Talvez Cizik
tenha citado a si mesmo de memória e apenas imprecisamente. Mas as
palavras reais dele naquela reunião do Banco Mundial em 2006,
extraídas de uma gravação em áudio, foram: “Gostaria de adotar
a bandeira da questão do controle populacional, mas entre os
evangélicos o aquecimento global já é polêmico demais. E eu
toquei nesse assunto que é muito polêmico… porém, ainda tenho um
emprego… O controle populacional é uma questão muito mais
perigosa de se tocar… Precisamos confrontar o controle populacional
e podemos — afinal, não somos católicos romanos —, mas é
perigoso demais tocar nisso agora”.
Obviamente,
conforme confessa o contexto, por “Precisamos confrontar o controle
populacional” Cizik não estava querendo dizer “Precisamos
rejeitar o controle populacional”. O que, então, ele estava
querendo dizer? Parece que ele queria dizer que temos de adotá-lo —
ainda que não por meio da política de filho única da China. E quem
acha que o controle populacional é uma causa nobre precisa das
lições de história às vezes horríveis dos seguintes livros:
Reproductive
Rights & Wrongs: The Global Politics of Population
Control (Direitos
& Erros Reprodutivos: As Políticas Globais de Controle
Populacional), de Betsy Hartman.
Fatal
Misconception: The Struggle to Control World Population (Concepções
Errôneas e Fatais: A Luta para Controlar a População Mundial), de
Matthew Connelly.
Contudo,
Cizik escreveu: “…quando as mulheres têm o poder de planejar
suas famílias, as populações crescem mais lentamente, e mais
lentamente crescem também as emissões de gás estufa. Fornecer
moderna contracepção para todas as mulheres reduziria essenciais
emissões de carbono em 8 a 15 por cento”. O “planejamento
familiar” não só reduziria o crescimento populacional e as
emissões de gás estufa, mas também reduziria “o custo, cerca de
3,7 bilhões de dólares anuais… um custo que é pequeno em
comparação com outras estratégias de redução de emissão de
carbono”.
O
que é “lindo” é que Cizik admite que os 3,7 bilhões de dólares
anuais são “um custo que é pequeno em comparação com outras
estratégias de redução de emissão de carbono”. Pelo menos uma
vez na vida um alarmista do clima confessa os custos da solução! E,
aliás, 3,7 bilhões de dólares anuais são uma fração pequena das
centenas de trilhões que custaria para reduzir as emissões de CO2
em 80 por cento até 2050 — tudo para alcançar uma redução
imensamente pequena na temperatura média global durante um século,
começando agora, numa ação que não teria nenhum benefício
ecológico enquanto os custos econômicos provavelmente gerariam mais
mortes do que a solução impediria. Se enxergarmos as pessoas apenas
como “pegadas de carbono”, não como criadas conforme a imagem de
Deus com dignidade e transbordando de potencial para abençoar uns
aos outros, talvez os argumentos de Cizik fizessem sentido.
O
que não é lindo é que (a) Cizik parece desconhecer que a
diminuição da população, não o crescimento da população, será
a grande ameaça deste século e provavelmente dos próximos um ou
dois séculos, e, (b) Cizik pensa que controlar o crescimento da
população para reduzir o aquecimento global seria uma coisa boa.
A
maioria dos demógrafos acha que a população mundial terá seu
crescimento máximo em 2050 e então começará uma diminuição que
continuará enquanto pessoas suficientes continuarem a escolher ter
menos de dois nascimentos por mulher necessários para a substituição
— uma escolha que parece vir quase que universalmente com os
elevados padrões de vida (e custos de criação de filhos) esperados
para quase todo mundo no final deste século. Aliás, conforme
Stanley Kurtz indicou seis anos atrás numa análise
magistral de conhecimento demográfico,
“Se os índices mundiais de fertilidade alcançarem níveis hoje
comuns no mundo em desenvolvimento (e esse parece ser o destino),
dentro de poucos séculos a população do mundo poderia diminuir
abaixo do nível dos EUA hoje”. Releia essa última cláusula e
deixe isso mergulhar na sua mente. Esse controle populacional
significa uma redução da população mundial em 95 por cento.
Se
a discussão de Cizik tem falta de fundamento científico, não a
compensa com uma base bíblica. Ele apelou uma única vez para a
Bíblia (Gênesis 2:15), e só para apoiar a ideia incontroversa de
cuidar da Terra. E ao citar esse versículo, ele negligenciou que se
aplicava não à Terra toda, mas ao Jardim do Éden.
Além
disso, ele negligenciou outro versículo que ele poderia ter visto
como um pouco mais incomodador, embora realmente lide tanto com a
responsabilidade da humanidade para com a Terra inteira quanto com o
crescimento populacional — Gênesis 1:28: “Deus os abençoou e
lhes ordenou: ‘Sede férteis e multiplicai-vos! Povoai e sujeitai
toda a terra; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e
sobre todo animal que rasteja sobre a terra!’” Esse e outros
versículos da Bíblia apresentam a multiplicação humana como
bênção, não maldição (Genesis 12:2; 15:5; 17:1–6; 26:4, 24;
Deuteronômio 7:13, 14; 10:22; Salmo 127:3–5; 128:1, 3; Provérbios
14:28), e aliás como meio de cuidar da Terra — e Cizik diz que é
a favor de cuidar da Terra. Em contraste, a Bíblia vê a diminuição
populacional como maldição (Deuteronômio 28:62–63; Levítico
26:22).
Portanto,
embora Cizik consiga encontrar apoio na Bíblia para cuidar da Terra,
ele não consegue encontrar apoio na Bíblia para a contracepção ou
para o planejamento familiar, e muito menos para o controle
populacional — e muito menos ainda para programas governamentais de
planejamento familiar em vez de liberdade pessoal.
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