Por Steve Herzig e Lorna Simcox
Richard Dawkins, eminente cientista versado em etologia[1] e autor de livros, descreve a pessoa que não crê na evolução da seguinte maneira: “Pode-se afirmar com a mais absoluta certeza que se você encontrar alguém que alega não acreditar na evolução, está diante de uma pessoa ignorante, tola ou doente mental – ou mesmo perversa, mas prefiro não considerar esta última hipótese”.[2]
Segundo uma pesquisa de opinião pública realizada pela CBS, essa descrição feita por Dawkins retrata a maioria dos cidadãos americanos. A pesquisa demonstra que “os americanos não acreditam que o ser humano originou-se a partir de um processo evolutivo [...] apenas 13% dos entrevistados declaram que Deus não teve qualquer participação [i.e., na criação]”, e “cerca de dois terços dos americanos querem que o criacionismo bíblico seja ensinado nas escolas junto com a evolução”.[3]
Em seu livro que se tornou um best-seller, intitulado The Blind Watchmaker [i.e., O Relojoeiro Cego], Dawkins argumenta que o universo existe sem nenhum projeto, ao declarar: “Eu desejo convencer o leitor de que por coincidência a perspectiva darwinista não só é verdade, mas que ela também é a única teoria conhecida que, em princípio, pode explicar o mistério de nossa existência”.[4] E o pior é que Dawkins acha que está absolutamente certo.
Outros que compartilham da mesma autoconfiança de Dawkins são os editores da revista ScienceWeek. Num editorial, eles achincalharam a perspectiva criacionista classificando-a como “blasfêmia”; acusaram os criacionistas de pensadores primitivos que “crêem que a terra é uma panqueca plana de alguns milhares de anos de idade, que se apóia nas costas de quatro elefantes gigantes”. Além disso, eles advertiram os Estados Unidos para que deixem os “beatos” fora do ensino público, porque “eles subvertem o ensino da ciência nas escolas públicas”.[5]
Ken Ham, um eminente porta-voz do criacionismo bíblico, fundador e presidente da organização Answers in Genesis [i.e., Respostas em Gênesis; sigla em inglês: AiG], foi ridicularizado e censurado recentemente pela imprensa secular por causa da construção do Museu da Criação, orçada em 25 milhões de dólares, situado em Petersburg (Estado do Kentucky), nas proximidades de Cincinatti (Estado de Ohio). O site da AiG na internet revela que o museu “proclamará ao mundo que a Bíblia é a autoridade suprema em todas as questões de fé e prática, bem como em todas as áreas a que se refere”.[6]
Andrew Kantor, colunista do jornal USA Today, chamou esse museu de “estorvo nacional” que utiliza “ciência fraudulenta para convencer pessoas ingênuas a acreditarem em tolices”.[7] O grande cisma que divide aqueles que crêem na criação e aqueles que não crêem já existe há séculos. Entretanto, os evolucionistas têm se tornado cada vez mais agressivos e mais determinados do que nunca a eliminar Deus daquilo que eles consideram ser o cenário originado a partir do Big Bang [i.e., a hipótese da “Grande Explosão Cósmica”].
A partir de quando surgiu essa grande mentira? No século VI a.C. já havia gregos que rejeitavam o conceito de um plano (ou propósito) inteligente evidenciado no universo. O biógrafo Desmond King-Hele escreveu que o grego Anaxímenes acreditava que a vida “originou-se na água, [...] surgiu espontaneamente num lodo primitivo”. King-Hele ainda escreveu que outro grego acreditava que o ser humano “desenvolveu-se a partir dos peixes num processo gradual”.[8] No primeiro século d.C., o apóstolo Paulo confrontou os cidadãos atenienses, inteligentes apesar de serem pagãos, com uma simples afirmação explicativa sobre a criação, referindo-se ao “Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe” (At 17.24).
Até mesmo na Europa cristã de meados do século XVIII, naturalistas como o botânico sueco Carolus Linnaeus [conhecido em língua portuguesa como Carlos Lineu) e o francês Georges de Buffon levantaram dúvidas sobre o conceito da Criação, sem, contudo, descartar a ação de Deus.
Houve vários evolucionistas precoces, embora na sua maioria desconhecidos, entre os quais se inclui Erasmus Darwin, o avô de Charles Darwin. Erasmus escreveu acerca da concepção evolucionista em seu livro intitulado Zoonomia. O cientista e filósofo francês Pierre de Maupertuis[9], escreveu extensivamente sobre mutação e o naturalista francês Jean Baptiste Lamarck concebeu uma teoria por ele denominada de “transformismo”[10] [também conhecida por Lamarckismo.] Entretanto, o livro On the Origin of Species [traduzido em português sob o título A Origem das Espécies] da autoria de Charles Darwin, publicado em 1859, denominado “o livro que chocou o mundo”, produziu a ampla aceitação da Teoria da Evolução.
Em termos simples, o livro A Origem das Espécies propõe que, na luta pela sobrevivência do mais apto, os seres jovens de uma espécie gradativamente desenvolvem variações adaptativas através de um processo de seleção natural. Essas variações seriam transmitidas geneticamente à próxima geração, promovendo, dessa forma, a evolução da espécie. Darwin também alega que todos os organismos que apresentam relação de parentesco descendem dos mesmos ancestrais.[11]
A primeira edição do livro se esgotou no mesmo dia em que chegou às prateleiras das livrarias. Todavia, a obra não solucionou a dúvida sobre a maneira pela qual o mundo realmente veio a existir. Então entrou em cena a Teoria do Big Bang. Segundo a agência espacial do governo dos Estados Unidos, a NASA (i.e., National Aeronautics and Space Administration), o Big Bang “é a teoria científica predominante acerca da origem do universo”. A NASA afirma o seguinte: “O universo foi criado em algum momento compreendido entre 10 e 20 bilhões de anos atrás, a partir de uma explosão cósmica que expeliu matéria em todas as direções”. Porém, o descritivo da NASA acrescenta enfaticamente esta ressalva: “Apesar da Teoria do Big Bang ser amplamente aceita, é provável que nunca venha a ser comprovada; por isso, restarão diversas perguntas difíceis para as quais não há resposta”.[12]
Outra explanação é descrita nos seguintes termos:
Acredita-se que nosso universo tenha surgido de algo infinitamente pequeno, infinitamente quente, infinitamente denso – uma singularidade. De onde isso veio? Não se sabe. Por que isso apareceu? Não se sabe. Após seu aspecto inicial, essa singularidade aumentou (o “Big Bang”), expandiu-se, resfriou-se, partindo de uma realidade tremendamente pequena, extremamente quente, para chegar ao tamanho e temperatura de nosso universo atual. O universo até hoje continua a se expandir e esfriar; além disso, nós estamos dentro dele.[13]
Hoje em dia, a crença nas teorias da Evolução e do Big Bang permeia o sistema educacional e qualquer pessoa que tenta mudar essa situação é levada aos tribunais [nos EUA]. Em outubro de 2004, o Conselho de Educação formado por diretores de escola do distrito de Dover, no Estado da Pensilvânia, decidiu, após uma votação por 6 a 3, incluir o ensino do “projeto inteligente” [i.e., design inteligente, a concepção de que o universo exibe um propósito inteligente para o qual foi criado] junto com o ensino do darwinismo no currículo de biologia para as turmas da nona série do ensino fundamental. Tal decisão, a primeira desse tipo nos EUA, provocou um rebuliço naquele pequeno distrito escolar rural situado 32 quilômetros ao sul da cidade de Harrisburg, capital do Estado, conforme esta notícia:
Os críticos interpretam a alteração no currículo de biologia para as turmas da nona série como uma tentativa velada de obrigar os alunos de escolas públicas a aprenderem o criacionismo, uma perspectiva baseada na Bíblia que atribui a origem das espécies a Deus. As escolas normalmente ensinam a evolução, a saber, a teoria de que a Terra existe há bilhões de anos e que as formas de vida nela existentes se desenvolveram durante milhões de anos.[14]
Dos três membros do Conselho que votaram contra aquela medida, dois imediatamente renunciaram ao cargo. Eles se utilizaram da decisão tomada pela Suprema Corte dos Estados Unidos no ano de 1987, para alegar que aquele mesmo decreto de inconstitucionalidade do ensino do criacionismo no Estado da Louisiana também se aplicava ao Estado da Pensilvânia.
Enquanto isso, um tribunal federal em Atlanta, Estado da Geórgia, condenou os líderes da Comarca de Cobb por aprovarem a colocação de um adesivo na contracapa dos livros didáticos de biologia, o qual fazia a ressalva de que a evolução é uma teoria, não um fato. O juiz reconheceu que o adesivo não fazia nenhuma referência a Deus ou à religião, todavia escreveu o seguinte:
O adesivo ofereceria ocasião para o avanço do ponto de vista religioso de cristãos fundamentalistas e criacionistas, os quais tinham voz ativa no processo de escolha do livro didático a ser adotado e influenciariam tal escolha segundo sua crença de que a evolução é uma teoria, não um fato.[15]
A concepção evolucionista se enraizou com tanta profundidade no ensino público, que muitos habitantes da Geórgia chegaram a temer que seu Estado viesse a “agir como um bando de caipiras grosseiros”, permitindo qualquer coisa que insinuasse a possibilidade de tal teoria estar equivocada.
Ken Ham acredita que a mídia secular tenha interpretado maliciosamente a reeleição do presidente George W. Bush [em 2004], para dar a entender que nos Estados Unidos há mais pessoas que crêem na criação do que na evolução, uma vez que a maioria votou no partido conservador. Segundo Ken Ham, os conflitos entre criação e evolução prosseguem em mais de vinte Estados do país e “muitos americanos finalmente acordaram para o fato de que os humanistas seculares se apoderaram da civilização”.[16]
Portanto, a batalha pela verdade continua. De um lado, encontram-se os evolucionistas, tais como Richard Dawkins, que riem sarcasticamente do registro de Gênesis e tratam os criacionistas como tolos que rejeitam a ciência com o intuito de empurrar o mundo de volta para a “Idade das Trevas” [i.e., a Idade Média]. Do outro lado estão os criacionistas que crêem no que Deus revelou por intermédio de Moisés e em Jesus: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1).
É uma batalha entre a cegueira espiritual e a luz. Infelizmente, muitas pessoas não conseguem discernir os opostos nesse conflito, pois “...o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2.14).
Assim, a luta está fadada a se tornar mais ferrenha. (Steve Herzig e Lorna Simcox - Israel My Glory - http://www.chamada.com.br)
Steve Herzig é o diretor dos ministérios norte-americanos de The Friends of Israel.
Lorna Simcox é redatora-chefe de The Friends of Israel.
Notas:
1. Etologia é “um ramo do conhecimento que trata do caráter humano, inclusive sua formação e evolução”. Definição encontrada em “Ethology”, Merriam-Webster’s Collegiate Dictionary, 11ª ed.
2. Citado em “Unintelligent Debate”, da autoria de John Wilson, publicado na revista Christianity Today, 48, n° 9, edição de setembro de 2004, p. 63.
3. “Poll: Most Americans Don’t Believe Evolution”, publicada em 23 de novembro de 2004, acessível no site: www.newsmax.com/archives/articles/ 2004/11/22/222923.shtml.
4. Richard Dawkins, The Blind Watchmaker: Why the Evidence of Evolution Reveals a Universe Without Design, publicado no site: www.simony.ox.ac.uk/dawkins/ WorldOfDawkins-archive/Dawkins/Work/Books/blind. shtml.
5. “Creationism vs. Sanity”, publicado na edição de 23 de janeiro de 2005, acessível no site: http://scienceweek.com/editorials.htm.
6. “About the Answers in Genesis Creation Museum”, publicado no site: www.answersingenesis.org/museum/about.asp.
7. Andrew Kantor, “Good technology requires good science behind it”, publicado no jornal USA Today, edição de 4 de fevereiro de 2005, acessível no site: www.usatoday.com/tech/columnist/andrewkantor/2005-02-04-kantor–x.htm.
8. Desmond King-Hele, “Evolutionary Theory Before Charles Darwin”, publicado no livro People Who Made History: Charles Darwin, organizado por Don Nardo, San Diego, CA: Greenhaven Press, 2000, p. 34-35.
9. Bentley Glass, “Maupertuis: The First Modern Evolutionist”, publicado no livro People Who Made History: Charles Darwin, organizado por Don Nardo, San Diego, CA: Greenhaven Press, 2000, p. 44.
10. L. J. Jordanova, “Larmarck’s Theory of Transformism”, publicado no livro People Who Made History: Charles Darwin, organizado por Don Nardo, San Diego, CA: Greenhaven Press, 2000, p. 53.
11. “Darwin, Charles Robert”, publicado na Funk & Wagnalls New Encyclopedia.
12. “The Big Bang Theory”, publicado no site: http://liftoff.msfc.nasa.gov/academy/universe/b–bang.html.
13. “The Big Bang Theory: An Overview”, publicado no site: www.allaboutscience.org/big-bang-theory.htm.
14. Martha Raffaele, “School Board Oks Challenge to Evolution”, publicada por The Associated Press, acessível no site: www.msnbc.msn.com/id/6470259
15. Ken Ham, Answers in Genesis Newsletter, edição de março de 2005.
16. Ibid.
Fonte: Chamada da Meia-Noite
Divulgação: www.juliosevero.com
Richard Dawkins, eminente cientista versado em etologia[1] e autor de livros, descreve a pessoa que não crê na evolução da seguinte maneira: “Pode-se afirmar com a mais absoluta certeza que se você encontrar alguém que alega não acreditar na evolução, está diante de uma pessoa ignorante, tola ou doente mental – ou mesmo perversa, mas prefiro não considerar esta última hipótese”.[2]
Segundo uma pesquisa de opinião pública realizada pela CBS, essa descrição feita por Dawkins retrata a maioria dos cidadãos americanos. A pesquisa demonstra que “os americanos não acreditam que o ser humano originou-se a partir de um processo evolutivo [...] apenas 13% dos entrevistados declaram que Deus não teve qualquer participação [i.e., na criação]”, e “cerca de dois terços dos americanos querem que o criacionismo bíblico seja ensinado nas escolas junto com a evolução”.[3]
Em seu livro que se tornou um best-seller, intitulado The Blind Watchmaker [i.e., O Relojoeiro Cego], Dawkins argumenta que o universo existe sem nenhum projeto, ao declarar: “Eu desejo convencer o leitor de que por coincidência a perspectiva darwinista não só é verdade, mas que ela também é a única teoria conhecida que, em princípio, pode explicar o mistério de nossa existência”.[4] E o pior é que Dawkins acha que está absolutamente certo.
Outros que compartilham da mesma autoconfiança de Dawkins são os editores da revista ScienceWeek. Num editorial, eles achincalharam a perspectiva criacionista classificando-a como “blasfêmia”; acusaram os criacionistas de pensadores primitivos que “crêem que a terra é uma panqueca plana de alguns milhares de anos de idade, que se apóia nas costas de quatro elefantes gigantes”. Além disso, eles advertiram os Estados Unidos para que deixem os “beatos” fora do ensino público, porque “eles subvertem o ensino da ciência nas escolas públicas”.[5]
Ken Ham, um eminente porta-voz do criacionismo bíblico, fundador e presidente da organização Answers in Genesis [i.e., Respostas em Gênesis; sigla em inglês: AiG], foi ridicularizado e censurado recentemente pela imprensa secular por causa da construção do Museu da Criação, orçada em 25 milhões de dólares, situado em Petersburg (Estado do Kentucky), nas proximidades de Cincinatti (Estado de Ohio). O site da AiG na internet revela que o museu “proclamará ao mundo que a Bíblia é a autoridade suprema em todas as questões de fé e prática, bem como em todas as áreas a que se refere”.[6]
Andrew Kantor, colunista do jornal USA Today, chamou esse museu de “estorvo nacional” que utiliza “ciência fraudulenta para convencer pessoas ingênuas a acreditarem em tolices”.[7] O grande cisma que divide aqueles que crêem na criação e aqueles que não crêem já existe há séculos. Entretanto, os evolucionistas têm se tornado cada vez mais agressivos e mais determinados do que nunca a eliminar Deus daquilo que eles consideram ser o cenário originado a partir do Big Bang [i.e., a hipótese da “Grande Explosão Cósmica”].
A partir de quando surgiu essa grande mentira? No século VI a.C. já havia gregos que rejeitavam o conceito de um plano (ou propósito) inteligente evidenciado no universo. O biógrafo Desmond King-Hele escreveu que o grego Anaxímenes acreditava que a vida “originou-se na água, [...] surgiu espontaneamente num lodo primitivo”. King-Hele ainda escreveu que outro grego acreditava que o ser humano “desenvolveu-se a partir dos peixes num processo gradual”.[8] No primeiro século d.C., o apóstolo Paulo confrontou os cidadãos atenienses, inteligentes apesar de serem pagãos, com uma simples afirmação explicativa sobre a criação, referindo-se ao “Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe” (At 17.24).
Até mesmo na Europa cristã de meados do século XVIII, naturalistas como o botânico sueco Carolus Linnaeus [conhecido em língua portuguesa como Carlos Lineu) e o francês Georges de Buffon levantaram dúvidas sobre o conceito da Criação, sem, contudo, descartar a ação de Deus.
Houve vários evolucionistas precoces, embora na sua maioria desconhecidos, entre os quais se inclui Erasmus Darwin, o avô de Charles Darwin. Erasmus escreveu acerca da concepção evolucionista em seu livro intitulado Zoonomia. O cientista e filósofo francês Pierre de Maupertuis[9], escreveu extensivamente sobre mutação e o naturalista francês Jean Baptiste Lamarck concebeu uma teoria por ele denominada de “transformismo”[10] [também conhecida por Lamarckismo.] Entretanto, o livro On the Origin of Species [traduzido em português sob o título A Origem das Espécies] da autoria de Charles Darwin, publicado em 1859, denominado “o livro que chocou o mundo”, produziu a ampla aceitação da Teoria da Evolução.
Em termos simples, o livro A Origem das Espécies propõe que, na luta pela sobrevivência do mais apto, os seres jovens de uma espécie gradativamente desenvolvem variações adaptativas através de um processo de seleção natural. Essas variações seriam transmitidas geneticamente à próxima geração, promovendo, dessa forma, a evolução da espécie. Darwin também alega que todos os organismos que apresentam relação de parentesco descendem dos mesmos ancestrais.[11]
A primeira edição do livro se esgotou no mesmo dia em que chegou às prateleiras das livrarias. Todavia, a obra não solucionou a dúvida sobre a maneira pela qual o mundo realmente veio a existir. Então entrou em cena a Teoria do Big Bang. Segundo a agência espacial do governo dos Estados Unidos, a NASA (i.e., National Aeronautics and Space Administration), o Big Bang “é a teoria científica predominante acerca da origem do universo”. A NASA afirma o seguinte: “O universo foi criado em algum momento compreendido entre 10 e 20 bilhões de anos atrás, a partir de uma explosão cósmica que expeliu matéria em todas as direções”. Porém, o descritivo da NASA acrescenta enfaticamente esta ressalva: “Apesar da Teoria do Big Bang ser amplamente aceita, é provável que nunca venha a ser comprovada; por isso, restarão diversas perguntas difíceis para as quais não há resposta”.[12]
Outra explanação é descrita nos seguintes termos:
Acredita-se que nosso universo tenha surgido de algo infinitamente pequeno, infinitamente quente, infinitamente denso – uma singularidade. De onde isso veio? Não se sabe. Por que isso apareceu? Não se sabe. Após seu aspecto inicial, essa singularidade aumentou (o “Big Bang”), expandiu-se, resfriou-se, partindo de uma realidade tremendamente pequena, extremamente quente, para chegar ao tamanho e temperatura de nosso universo atual. O universo até hoje continua a se expandir e esfriar; além disso, nós estamos dentro dele.[13]
Hoje em dia, a crença nas teorias da Evolução e do Big Bang permeia o sistema educacional e qualquer pessoa que tenta mudar essa situação é levada aos tribunais [nos EUA]. Em outubro de 2004, o Conselho de Educação formado por diretores de escola do distrito de Dover, no Estado da Pensilvânia, decidiu, após uma votação por 6 a 3, incluir o ensino do “projeto inteligente” [i.e., design inteligente, a concepção de que o universo exibe um propósito inteligente para o qual foi criado] junto com o ensino do darwinismo no currículo de biologia para as turmas da nona série do ensino fundamental. Tal decisão, a primeira desse tipo nos EUA, provocou um rebuliço naquele pequeno distrito escolar rural situado 32 quilômetros ao sul da cidade de Harrisburg, capital do Estado, conforme esta notícia:
Os críticos interpretam a alteração no currículo de biologia para as turmas da nona série como uma tentativa velada de obrigar os alunos de escolas públicas a aprenderem o criacionismo, uma perspectiva baseada na Bíblia que atribui a origem das espécies a Deus. As escolas normalmente ensinam a evolução, a saber, a teoria de que a Terra existe há bilhões de anos e que as formas de vida nela existentes se desenvolveram durante milhões de anos.[14]
Dos três membros do Conselho que votaram contra aquela medida, dois imediatamente renunciaram ao cargo. Eles se utilizaram da decisão tomada pela Suprema Corte dos Estados Unidos no ano de 1987, para alegar que aquele mesmo decreto de inconstitucionalidade do ensino do criacionismo no Estado da Louisiana também se aplicava ao Estado da Pensilvânia.
Enquanto isso, um tribunal federal em Atlanta, Estado da Geórgia, condenou os líderes da Comarca de Cobb por aprovarem a colocação de um adesivo na contracapa dos livros didáticos de biologia, o qual fazia a ressalva de que a evolução é uma teoria, não um fato. O juiz reconheceu que o adesivo não fazia nenhuma referência a Deus ou à religião, todavia escreveu o seguinte:
O adesivo ofereceria ocasião para o avanço do ponto de vista religioso de cristãos fundamentalistas e criacionistas, os quais tinham voz ativa no processo de escolha do livro didático a ser adotado e influenciariam tal escolha segundo sua crença de que a evolução é uma teoria, não um fato.[15]
A concepção evolucionista se enraizou com tanta profundidade no ensino público, que muitos habitantes da Geórgia chegaram a temer que seu Estado viesse a “agir como um bando de caipiras grosseiros”, permitindo qualquer coisa que insinuasse a possibilidade de tal teoria estar equivocada.
Ken Ham acredita que a mídia secular tenha interpretado maliciosamente a reeleição do presidente George W. Bush [em 2004], para dar a entender que nos Estados Unidos há mais pessoas que crêem na criação do que na evolução, uma vez que a maioria votou no partido conservador. Segundo Ken Ham, os conflitos entre criação e evolução prosseguem em mais de vinte Estados do país e “muitos americanos finalmente acordaram para o fato de que os humanistas seculares se apoderaram da civilização”.[16]
Portanto, a batalha pela verdade continua. De um lado, encontram-se os evolucionistas, tais como Richard Dawkins, que riem sarcasticamente do registro de Gênesis e tratam os criacionistas como tolos que rejeitam a ciência com o intuito de empurrar o mundo de volta para a “Idade das Trevas” [i.e., a Idade Média]. Do outro lado estão os criacionistas que crêem no que Deus revelou por intermédio de Moisés e em Jesus: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1).
É uma batalha entre a cegueira espiritual e a luz. Infelizmente, muitas pessoas não conseguem discernir os opostos nesse conflito, pois “...o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2.14).
Assim, a luta está fadada a se tornar mais ferrenha. (Steve Herzig e Lorna Simcox - Israel My Glory - http://www.chamada.com.br)
Steve Herzig é o diretor dos ministérios norte-americanos de The Friends of Israel.
Lorna Simcox é redatora-chefe de The Friends of Israel.
Notas:
1. Etologia é “um ramo do conhecimento que trata do caráter humano, inclusive sua formação e evolução”. Definição encontrada em “Ethology”, Merriam-Webster’s Collegiate Dictionary, 11ª ed.
2. Citado em “Unintelligent Debate”, da autoria de John Wilson, publicado na revista Christianity Today, 48, n° 9, edição de setembro de 2004, p. 63.
3. “Poll: Most Americans Don’t Believe Evolution”, publicada em 23 de novembro de 2004, acessível no site: www.newsmax.com/archives/articles/ 2004/11/22/222923.shtml.
4. Richard Dawkins, The Blind Watchmaker: Why the Evidence of Evolution Reveals a Universe Without Design, publicado no site: www.simony.ox.ac.uk/dawkins/ WorldOfDawkins-archive/Dawkins/Work/Books/blind. shtml.
5. “Creationism vs. Sanity”, publicado na edição de 23 de janeiro de 2005, acessível no site: http://scienceweek.com/editorials.htm.
6. “About the Answers in Genesis Creation Museum”, publicado no site: www.answersingenesis.org/museum/about.asp.
7. Andrew Kantor, “Good technology requires good science behind it”, publicado no jornal USA Today, edição de 4 de fevereiro de 2005, acessível no site: www.usatoday.com/tech/columnist/andrewkantor/2005-02-04-kantor–x.htm.
8. Desmond King-Hele, “Evolutionary Theory Before Charles Darwin”, publicado no livro People Who Made History: Charles Darwin, organizado por Don Nardo, San Diego, CA: Greenhaven Press, 2000, p. 34-35.
9. Bentley Glass, “Maupertuis: The First Modern Evolutionist”, publicado no livro People Who Made History: Charles Darwin, organizado por Don Nardo, San Diego, CA: Greenhaven Press, 2000, p. 44.
10. L. J. Jordanova, “Larmarck’s Theory of Transformism”, publicado no livro People Who Made History: Charles Darwin, organizado por Don Nardo, San Diego, CA: Greenhaven Press, 2000, p. 53.
11. “Darwin, Charles Robert”, publicado na Funk & Wagnalls New Encyclopedia.
12. “The Big Bang Theory”, publicado no site: http://liftoff.msfc.nasa.gov/academy/universe/b–bang.html.
13. “The Big Bang Theory: An Overview”, publicado no site: www.allaboutscience.org/big-bang-theory.htm.
14. Martha Raffaele, “School Board Oks Challenge to Evolution”, publicada por The Associated Press, acessível no site: www.msnbc.msn.com/id/6470259
15. Ken Ham, Answers in Genesis Newsletter, edição de março de 2005.
16. Ibid.
Fonte: Chamada da Meia-Noite
Divulgação: www.juliosevero.com
3 comentários:
Descreva uma evidencia da "grande mentira". Descreva-a com argumentos solidos que a facam ser aceita pela comunidade cientifica e teremos a honra de ver um brasileiro sendo agraciado com um premio Nobel. Considero algumas ideias do Dawkins un tanto o quanto arrogantes, mas simplesmente descartar milenios de ciencia - a grande mentira, segundo voce - e ignorar que nossa expectativa de vida(apenas um exemplo) dobrou em meros cem anos torna esta discussao meio que sem sentido. Voce pode citar algo neste sentido relacionado a religiao? Qual foi exatamente o beneficio que a religiao (me refiro aos deuses e as explicacoes sobrenaturais do mundo) trouxe a humanidade? Nao se esqueca que ha pouco menos de 500 anos pessoas foram queimadas por sustentarem com evidencia concretas e verificaveis que a Terra gire em torno do Sol e nao contrario. E vemos hoje, por incrivel que pareca, a mesma coisa (obvio que pessoas nao sao mais queimadas por isso...), guardadas as devidas proporcoes, ocorrerem com relacao ao tema cricao x evolucao. Esqueca um pouco a fe. Ter fe nao e algo que faca um homem ser melhor que os outros. Nao precisamos acreditar em um seres sobrenaturais para termos um comportamento moral (os presidios estao cheios de crentes, alguns se tornaram MAIS crentes quando chegaram la, em uma tentativa va de alcancar algum tipo de redencao, quando isto esta dentro de nos...). Se deus existe, esta nos devendo algumas explicacoes.
Caro Paulo,
todas as suas respostas estão no livro do professor Adauto J. B. Lourenço, B. Sc., MSc., é formado em Física pela Bob Jones University, USA. Mestrado em Física Nuclear pela Clemson University, USA. Pesquisador responsável em Sistemas de Imagem de Estruturas Atômicas (Oak Ridge National Laboratory), é membro da American Physics Society, EUA e pesquisador em Trocas de Energia em Nível Atômico (Max Planck Institut für Stromunsgsforchung, Alemanha).
No seu livro (Onde tudo começou) apresenta todos os argumentos científicos sobre a teoria da criação a luz da ciência.
Vou aproveitar a sua idéia e INDICÁ-LO para o prêmio nobel da paz.
abs
Zenóbio
Caro Zenobio,
Pessoas como o Adauto praticam ma ciencia E ma religiao.As informacoes a seguir sao de dominio publico, e nao foram contestadas em nenhum momento, e peco a voce a gentileza de ler o texto com isencao. Trata-se de duas cartas enviadas ao Instituo de Fisica de Sao Carlos, contendo algumas observacoes sobre a pessoa em referencia.
CARTA 1
São Carlos, 14 de outubro de 2008
Ao Instituto de Física de São Carlos (IFSC),
Na pessoa de seu Diretor, Prof. Dr. Glaucius Oliva e do Chefe do Depto. de Física e Informática, Prof. Dr. Richard Garratt
Prezados Senhores,
Tomamos conhecimento de que o Instituto de Física de São Carlos (IFSC) promoverá a palestra intitulada: “O Universo – Teorias sobre a origem - Criacionismo Científico”, ministrada pelo M.Sc. Adauto Lourenço. O evento está marcado para acontecer na próxima quinta-feira, dia 16/10 (às 19:00 horas), no auditório Sérgio Mascarenhas do IFSC (Universidade de São Paulo).
Há três semanas, o grupo PET-Química da Universidade Federal de São Carlos tentou realizar uma palestra com o título: “A Vida e o universo: um grande acidente ou design inteligente?”, que seria ministrada pelo Prof. Dr. Marcos N. Eberlin (Universidade Estadual de Campinas).
Felizmente, tal promoção da idéia do “Design Inteligente” – um dogma religioso – foi em tempo rechaçada por alunos, professores e pelo Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa, que corretamente cancelou a palestra. A mesma palestra (com o mesmo título e proposta) havia sido cancelada também na Unicamp por decisão do Coordenador Geral da 60ª Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
O aprendizado mais doloroso decorre de erros próprios. Em junho de 2007, foi permitida na Universidade Federal de São Carlos a promoção da série de palestras que visavam a “discutir” o Evolucionismo e o Criacionismo. Tal atitude foi fortemente repreendida pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) e, infelizmente, parece não ter surtido o efeito esperado para todas as universidades públicas.
Para esclarecimento, o Criacionismo ou “Design Inteligente” é uma doutrina mascarada cujos defensores dão uma roupagem supostamente científica a essas crenças para propagá-las dentro de universidades e escolas. Pretende concluir a existência de deus e da criação a partir da impossibilidade da ciência atual de explicar todos os fenômenos naturais e distorce descaradamente conhecimentos há muito consolidados. Tentativas como esta são um retrocesso a um passado distante, onde o homem atribuía fenômenos físicos naturais, como uma tempestade ou um eclipse, a um castigo divino e não a fenômenos físicos hoje elucidados.
O “Design Inteligente”, ou “Criacionismo Científico”, é reconhecidamente uma forma de criacionismo cristão. Nos Estados Unidos da América, essa questão foi a tribunal por mais de uma vez devido à insistência dos seus defensores em implementar as idéias do “Design Inteligente” em salas de aula. Em 2005, o julgamento (Tammy Kitzmiller, et al. v. Dover Area School District, et al., Case No. 04cv2688) mais importante sobre a questão terminou com a decisão do juiz John E. Jones III que declarou o “Design Inteligente” como mais uma forma de criacionismo religioso, e sua inclusão na escola pública em questão foi proibida por ferir o princípio de separação entre Igreja e Estado (protegido pela Constituição estadunidense e também pela brasileira). No mês passado, na Inglaterra, o reverendo Michael Reiss sugeriu que a teoria de evolução por seleção natural deveria ceder ao criacionismo parte de seu espaço no currículo escolar. A esse pronunciamento, que Reiss se afirma vítima de má interpretação, seguiu-se uma forte oposição e terminou com a demissão do reverendo do cargo de diretor de educação da Royal Society, a mais prestigiada associação científica da Inglaterra.
Confiamos na missão e dever de todas as universidades públicas deste país, incluindo a Universidade de São Paulo, em promover o conhecimento. Não podemos aceitar que ideais religiosos de qualquer vertente sejam apresentados a nossa comunidade como alternativa ao pensamento racional, crítico e científico. Esse tipo de evento, que visa a promover uma ideologia religiosa disfarçada de ciência alcança a inconstitucionalidade, segundo a Constituição Federal do Brasil (CF/88 - Art. 19). O Brasil é um país laico, e assim, nenhuma crença ou religião pode exercer pressão ideológica junto aos cidadãos livres, nem imprimir sua presença em órgãos e espaços públicos (que é o caso da USP). Caso a supracitada palestra ocorra, o Instituto de Física de São Carlos (com a conivência da USP) estará infringindo a lei ao fazer uso de recursos públicos para a promoção e divulgação de um pensamento dogmático baseado na religião cristã – por meio do oxímoro “Criacionismo Científico” – como suposta alternativa ao método científico universalmente aceito pela comunidade acadêmica mundial.
Ressaltamos que não se trata de uma restrição à liberdade de expressão, mas é imperativo respeitar a missão desta e de toda a universidade: a busca do saber e a propagação do pensamento crítico e racional e não a divulgação de ideologias religiosas como contraponto ao pensamento científico e racional. Para esse tipo de prática existem outros locais apropriados. Além disso, é missão vital de uma democracia a proteção das minorias religiosas, que não devem sofrer discriminação ou desconforto pela promoção de alguma religião majoritária dentro de espaços públicos.
Entendemos, e estamos certos que os senhores compartilham de nossa opinião, de que a defesa do ensino laico e do conhecimento científico é uma questão fundamental da sociedade moderna. Para quem está absolutamente à margem do conhecimento científico, como estão os criacionistas, o prestígio de falar em universidades de renome tem sido utilizado como moeda de reconhecimento de mérito. Isto é absolutamente preocupante, uma vez que dá-se um verniz de respeitabilitade e faz crer que na universidade ainda se discutem idéias retrógradas que já foram rechaçadas há pelo menos 150 anos. Pelas razões acima, consideramos que a palestra “Criacionismo Científico” deva ser cancelada, outrossim, sentir-nos-emos na obrigação de relatar o uso indevido de recursos públicos junto a autoridades competentes. No entanto, reconhecendo a autonomia deste prestigioso instituto e, conhecendo vosso prestígio e compromisso científico já historicamente consagrados, estamos certos que esta palestra esteja ocorrendo à vossa revelia e que os senhores farão o necessário para que vosso nome não fique indelevelmente associado a palestras como esta.
Sem mais para o momento, subscrevemo-nos.
Atenciosamente,
Bruno Sauce Silva – mestrando no Departamento de Genética (Ufscar)
Cíntia Camila S. Angelieri - mestranda no Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada (USP)
Fábio Toshiro Taquicava Hanashiro – mestrando no Departamento de Hidrobiologia (Ufscar)
Felipe Bannwart Perina - Especialista de Sistemas
Marcus Vinicius Cianciaruso – doutorando no Departamento de Botânica (Ufscar)
Marco Antônio Portugal Luttembarck Batalha – professor do Departamento de Botânica (Ufscar)
Priscila de Paula Loiola – mestrando no Departamento de Botânica (Ufscar)
Vinícius de Lima Dantas – mestranda no Departamento de Botânica (Ufscar)
Reinaldo Otávio Alvarenga Alves de Brito – professor do Departamento de Genética (Ufscar).
CARTA 2
São Carlos, 15 de outubro de 2008
Ao Instituto de Física de São Carlos (IFSC),
Na pessoa de seu Diretor, Prof. Dr. Glaucius Oliva e do Chefe do Depto. de Física e Informática, Prof. Dr. Richard Garratt
Prezados professores,
Em carta enviada ontem, manifestamo-nos contra a promoção da palestra “O Universo – Teorias sobre a origem - Criacionismo Científico”, organizada pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC) e a Aliança Bíblica Universitária (ABU), e ministrada pelo mestre Adauto Lourenço. As razões para a nossa posição foram apresentadas na carta anterior, mas gostaríamos ainda de lhes comunicar algumas informações sobre o Sr. Lourenço.
Como sói acontecer nesse tipo de propaganda da pseudoteoria do “criacionismo científico”, o cartaz que a anuncia (vide anexo) usa e abuso de argumentos falaciosos de autoridade (argumentum ad verecundiam), enfatizando a formação do palestrante, pesquisas que teria desenvolvido em institutos no exterior, apoios financeiros que teria recebido de agências de fomento e um trabalho publicado. Embora esses pontos não tenham nenhuma relação com o que é apresentado na palestra, eles são apresentados de modo a dar uma credibilidade científica ao palestrante.
É claro que mesmo que o palestrante tivesse de fato produção científica considerável, isso não contribuiria em absolutamente nada para corroborar a pseudoteoria. Contudo, é ainda mais inapropriado neste caso, em que, como mostraremos, o palestrante está longe de ter a credibilidade científica que o cartaz insinua. Em casos, acreditamos, as informações beiram a falsidade ideológica. Se não, vejamos:
1. A mencionada Bob Jones University, onde o palestrante obteve seu diploma de graduação, é uma universidade fundamentalista cristã particular, em cuja página (http://www.bju.edu/about/creed/), por exemplo, encontramos o seu credo, que é recitado todos os dias na capela da universidade:
“University Creed – Each day in chapel we recite the University Creed. It is a concise statement of the most important truths taught in God's Word.
I believe in the inspiration of the Bible (both the Old and the New Testaments); the creation of man by the direct act of God; the incarnation and virgin birth of our Lord and Savior, Jesus Christ; His identification as the Son of God; His vicarious atonement for the sins of mankind by the shedding of His blood on the cross; the resurrection of His body from the tomb; His power to save men from sin; the new birth through the regeneration by the Holy Spirit; and the gift of eternal life by the grace of God.”
Na descrição sobre o curso de Biologia (http://www.bju.edu/academics/cas/undergrad/divns/ biology.html), está escrito que:
“While most secular biologists are commited to evolution as the basic principle of evolution, Bob Jones University trains Christian biologists who see the living world indelibly marked with the fingerprints of God of limitless wisdom and power”.
Obviamente, todos têm direito de acreditar no que quiserem, mas em um ambiente onde se pretende fazer ciência, o pensamento crítico e racional não pode ser contaminado pelas crenças. Gostaríamos de saber se o Ministério da Educação e Cultura reconhece o diploma do Sr. Lourenço.
2. As “pesquisas realizadas” pelo Sr. Lourenço resultaram em um único artigo, publicado em 1992: T. Thundat, R. J. Warmack, D. P. Allison, L. A. Bottomley, A. J. Lourenco, and T. L. Ferrell. 1992. Atomic force microscopy of deoxyribonucleic acid strands adsorbed on mica: The effect of humidity on apparent width and image contrast. Journal of Vacuum Science & Technology A10 (4, pt.1): 630-635. Notem que esse único artigo trata de um tema que não tem nenhuma relação com o assunto da palestra. Notem também que nesse artigo ele é o quinto autor. Notem ainda que esse artigo foi publicado em 1992 e ele defendeu o seu mestrado em 1994, ou seja, quando esse artigo foi publicado ele estava ou na graduação ou no início do mestrado. A sua contribuição, portanto, para o artigo deve ter sido mínima.
3. O processo Fapesp que é mencionado no cartaz (01/08254-4) NÃO está no nome dele, mas sim no de Ary Biazotto Corte Júnior, como pode ser observado na base pública do Agilis (http://internet.aquila.fapesp.br/agilis/publico/). Ainda, o referido processo se trata de um PIPE sobre um tema que também não tem nenhuma relação com o assunto da palestra, pois visa a estudar a “Proteção eletrônica anticorrosiva ox-free”.
4. Finalmente, e devemos dizer, nada surpreendentemente, ele não possui currículo no sistema Lattes do CNPq, e nenhuma informação é dada sobre sua vinculação profissional atual.
Acreditamos, portanto, que o Instituto de Física deve ter conhecimento da pessoa a cujo nome está se associando. Esperamos ter contribuído para tal. Sem mais para o momento, subscrevemo-nos.
Atenciosamente,
Bruno Sauce Silva – mestrando no Departamento de Genética (Ufscar)
Cíntia Camila S. Angelieri - mestranda no Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada (USP)
Fábio Toshiro Taquicava Hanashiro – mestrando no Departamento de Hidrobiologia (Ufscar)
Felipe Bannwart Perina - especialista de Sistemas, graduando em Ciências da Computação (Ufscar)
Marcus Vinicius Cianciaruso – doutorando no Departamento de Botânica (Ufscar)
Marco Antônio Portugal Luttembarck Batalha – professor do Departamento de Botânica (Ufscar)
Priscila de Paula Loiola – mestrando no Departamento de Botânica (Ufscar)
Vinícius de Lima Dantas – mestranda no Departamento de Botânica (Ufscar)
Reinaldo Otávio Alvarenga Alves de Brito – professor do Departamento de Genética (Ufscar).
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