VALÊNCIA, terça-feira, 6 de julho de 2010 (ZENIT.org) - Ontem entrou em vigor na Espanha a nova lei do aborto que, na opinião do diretor do Observatório de Bioética da Universidade Católica de Valência San Vicente Mártir, Justo Aznar, levanta importantes problemas sociais.
Na seguinte entrevista a ZENIT, o também membro da Academia Pontifícia para a Vida adverte que, com esta norma, as adolescentes poderão abortar sem o conhecimento de seus pais, isso aumentará o número de abortos e a consciência social de que o aborto é um direito. “Descriminalizar um delito não é o mesmo que exercer um direito”, declara.
Também adverte que, para os profissionais de saúde, os problemas éticos e jurídicos recairão na decisão de autorizar estes abortos para menores, e além disso, esses profissionais irão limitar seu direito à objeção de consciência.
ZENIT: Como enfrentar a nova lei do aborto que entra em vigor?
Justo Aznar: Parece-me que a promoção de uma lei de tão injusta raiz moral motivou um despertar de nossa sociedade em relação à defesa da vida, como se pode comprovar na massiva manifestação de 17 de outubro de 2009 e que está promovendo grande quantidade de ações a favor da vida.
ZENIT: Como você encarou a concentração de 3 de julho em Madri contra esta lei?
Justo Aznar: Sem dúvida, como muitas das coisas que estão ocorrendo neste país, esta lei não responde aos interesses de grande parte dos cidadãos, mas sim das decisões políticas de determinados grupos sociais.
Por isso, acredito que todos os que participaram desta manifestação são conscientes de que a nova lei do aborto não irá parar, mas me parece muito importante que seja manifestada publicamente a opinião dos que não estão de acordo com ela.
ZENIT: Do ponto de vista médico, quais são os principais problemas que essa lei apresenta?
Justo Aznar: Junto à limitação da objeção de consciência dos profissionais, anteriormente comentada, acredito que do ponto de vista médico é inadmissível acabar com a vida de um feto, um ser humano, plenamente desenvolvido.
A cada dia a ciência é mais abundante ao expor que o feto já é um indivíduo humano na gestação. Acredito que, além da dificuldade moral que o aborto significa, também é uma ação contrária aos conhecimentos médicos mais elementares.
Por outro lado, se a viabilização de um feto se estabelece a partir da semana 22, abortar depois dessa data de gestação claramente não será um aborto, mas um infanticídio, algo que do ponto de vista de qualquer médico é absolutamente inadmissível.
ZENIT: Como acredita que isso influenciará no número de abortos na Espanha?
Justo Aznar: Estimo que a nova lei não vá somente propiciar o aumento dos abortos, mas também que as pessoas acreditem que a consciência social do aborto seja um direito, com a carga educativa que ele pode supor em nossa sociedade.
Não é a mesma coisa descriminalizar um delito e exercer um direito, pois grande parte da sociedade tem a consciência, sem dúvida equivocada, de que tudo que é legal também é moral, por isso certamente será ampliada no nosso país a ideia de que o aborto é um ato moralmente aceitável, intrinsecamente ligado às liberdades da mulher e a seus direitos mais elementares.
fonte: Zenit.org
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