Por Julio Severo
“O governo ideal estava diante dos meus olhos, mas eu não conseguia enxergá-lo”.
“O governo ideal estava diante dos meus olhos, mas eu não conseguia enxergá-lo”.
Deve existir uma dependência limitada ou ilimitada dos cidadãos para com o governo? O governo deve suprir tudo, ou garantir segurança e liberdade com ordem para que os cidadãos conquistem tudo o que precisam? Até onde deve ir a dependência das pessoas para com o governo? Até onde deve ir o controle do Estado sobre as pessoas?
O papel do Estado como Supremo Provedor é polêmico, pois prover tudo para todos requer, como conseqüência, maior controle sobre tudo e sobre todos. As pessoas devem depender do Estado para lhes prover tudo? Ou devem depender do Estado apenas para a segurança?
Embora tenha o direito natural à defesa de si e de sua família, o cidadão pode também depender do Estado para garantir uma segurança mais ampla, tanto a nível individual quanto coletivo. Há assim razões justificadas e boas para que um indivíduo e sociedade dependam limitadamente do Estado na área da segurança.
Contudo, quando não existe limitação na dependência do indivíduo e da sociedade para com o Estado, quando eles são condicionados a achar e reivindicar que o Estado deve lhes suprir tudo — saúde, educação, emprego, moradia, etc. —, o resultado natural é escravidão.
Um governo que promete dar tudo aos cidadãos acaba inevitavelmente roubando tudo dos cidadãos. É um processo lento e gradativo onde o Estado cria uma imensa teia de projetos supostamente para prover todas as necessidades da população, justificando assim um aumento cada vez maior de impostos, intrusão e controle sobre as pessoas e suas atividades.
Cada aumento de impostos faz com que o cidadão trabalhe mais para o governo. Evidentemente, o governo prefere chamar de cidadania participativa ou outro nome politicamente correto o trabalho do cidadão para sustentar o Estado provedor e seu incessante inchamento.
Contudo, a realidade é que quando alguém é obrigado a trabalhar para sustentar as vontades de outro ele já está sob escravidão. O cidadão brasileiro é hoje obrigado a pagar quase 40 por cento de sua renda ao Estado, isto é, anualmente ele passa cinco meses trabalhando exclusivamente para o governo.
O pior de tudo é que o brasileiro é condicionado a aceitar e até desejar essa escravidão. Ele é condicionado a aceitar e desejar um Estado provedor que promete prover tudo, sem ter consciência de que as promessas envolvem sua participação fundamental e forçada no sustento dos objetivos estatais.
Dez por cento ou menos de impostos seriam suficientes para o Estado sobreviver ocupado apenas com sua função básica e fundamental de segurança. No entanto, o Estado prefere abocanhar muito mais do suor dos trabalhadores, ao preço e prejuízo da liberdade, trabalho e recursos dos cidadãos. Assim, em vez de poder investir cada vez mais em sua própria família, o brasileiro é obrigado a investir cada vez mais no Estado e seus caprichos.
Eu descobri meu estado de condicionamento e escravidão lendo a Bíblia. Quando eu lia sobre o governo de Davi em Israel, eu ficava desapontado e perplexo, porque o governo dele não atendia às expectativas que haviam sido criadas em mim. Por intermédio da mídia, das escolas e até das igrejas — que pouco ou nada conseguem escapar da lavagem cerebral estatal —, eu era ensinado que o papel do governo era dar saúde, educação, emprego, moradia, etc.
Para mim, um governo que não fosse amplamente provedor não era um governo ideal. Por isso, eu só conseguia ver o governo de Davi como um governo imperfeito, insuficiente e deficiente, pois a única coisa que sabia fazer era dar segurança interna e externa. Era um governo fortemente comprometido no uso da espada contra os criminosos da nação e contra as ameaças de países hostis e perigosos. Era um governo que impunha tolerância zero para com o crime.
O governo ideal estava diante dos meus olhos, mas eu não conseguia enxergá-lo
Com nossa mentalidade condicionada de hoje, suporíamos que com tal governo que só dava segurança, a população de Israel vivia em necessidade. Afinal, como é que um povo conseguiria viver sem um governo que não lhes dá saúde, educação, emprego e moradia?
Entretanto, a Bíblia deixa claro que, sob o governo de Davi, cada cidadão tinha tudo o que precisava. Com a segurança que o governo lhes dava, eles tinham a liberdade de trabalhar e se sustentar. Eles eram felizes e satisfeitos, sem dependerem do Estado como provedor de suas necessidades básicas, que eram preenchidas por si mesmos.
Sua única dependência para com o Estado era na área da segurança.
Esse exemplo mostra que quando cada cidadão cuida por si mesmo de suas responsabilidades — saúde, educação, emprego, moradia, etc. — e o Estado cuida somente de sua responsabilidade — segurança —, o resultado é felicidade e contentamento para todos. (Mas um Estado provedor ou assistencialista jamais ficaria satisfeito em perder o controle sobre tudo e sobre todos.)
O próprio Novo Testamento reafirma que o papel do Estado é castigar os criminosos e elogiar os bons. Não há mais nada que o Estado deva fazer, pois o único chamado que Deus lhe deu é garantir a segurança da população.
A diferença entre o governo de Davi e o governo brasileiro atual é gritante. Em total desobediência a Deus, o governo brasileiro não oferece segurança à população. Mais de 50 mil brasileiros são assassinados por ano porque o governo não cumpre seu papel.
Em total desobediência a Deus, o governo quer cumprir papéis que não lhe pertencem: provedor de tudo.
Resultado: a saúde, educação, emprego e moradia que o governo oferece são um caos e o povo brasileiro, além de ser escravo que sustenta as fracassadas políticas estatais, ainda sofre insegurança.
Em total obediência a Deus, o governo de Davi era dedicado exclusivamente à segurança da população. Não havia pois 50 mil cidadãos de Israel sendo barbaramente assassinados nas mãos de criminosos, pois a lei era cumprida e cada cidadão tinha o direito natural de portar uma espada para se defender.
Em total obediência a Deus, o governo de Davi jamais assumiu o papel de provedor de saúde, educação, emprego, moradia, etc. O governo de Davi não tentava substituir Deus. O governo de Davi deixava claro que só existe um Provedor.
Assim, tanto o governo de Davi quanto seu povo sabiam que, se quisessem que suas necessidades básicas fossem atendidas, deveriam depender totalmente de Deus.
Nessa dependência, o povo de Israel era feliz na área de saúde, educação, emprego, moradia, etc.
Levei muito tempo para enxergar o valor do governo de Davi e ver que a forma de governo atual está corrompida e corrompe o povo com falsas expectativas e sutil lavagem cerebral. Levei muito tempo para ser liberto do condicionamento imposto pela mídia e pelas escolas, mas com muita abertura ao Deus da Palavra, a Palavra prevaleceu. “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
Um governo que não usurpa o papel central de provisão de Deus na vida dos cidadãos mas se dedica exclusivamente à segurança é o governo ideal para Deus e para o povo.
Fonte: www.juliosevero.com
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